Revolução Poética é novidade na FIL
04/04/2020 15:47 em Literatura

Neste ano, a Feira Internacional do Livro (FIL) contará com novo projeto: o Revolução Poética. Rodas de conversa, salões de ideias e até show musical tornarão evidente o papel central da poesia para aproximar os mais variados perfis entre o público. Atividade será aberta, gratuita e livre para todas as idades

 

 

Ribeirão Preto (SP), 25 de março de 2020 - O Dia Mundial da Poesia, comemorado em 21 de março (sábado) foi lembrado pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto com uma ação interativa, através dos canais e redes sociais da entidade, com o pré-lançamento do Revolução Poética, projeto que fará parte do calendário de atividades da 20ª FIL (Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto), durante os dias 11 a 20 de setembro.

 

Segundo a diretoria da Fundação, a Feira, que completa duas décadas de existência, aproveita a importância histórica e amplia as propostas do evento, que antes era nacional e agora se expande e alcança novos autores e referências literárias no mundo todo.

 

O Revolução Poética é coordenado pelo poeta João Augusto, curador do projeto, e contará com salões de ideias, bate-papos, show musical e também com uma grande intervenção artística com mostra de poemas durante a Feira do Livro.

 

O objetivo da Fundação do Livro e Leitura, entidade realizadora da FIL, é, essencialmente, valorizar a poesia como linguagem que tem em si um profundo conhecimento da vida, englobando a racionalidade e a paixão, a loucura, o delírio, a realidade e os sonhos.

 

O projeto tem em sua base as ideias e reflexões do antropólogo, filósofo e sociólogo francês Edgar Morin, autor educação homenageado nesta edição da Feira. Para ele, a vida estaria dividida entre o estado prosaico, em que se encaixariam o trabalho, a rotina e as atividades frias e mecânicas; e o estado poético, de grande carga emocional, em que as artes são o cerne e o fim. “O estado poético nos coloca em contato com as mais bonitas emoções, com os sentimentos de paixão, de comunhão, com a beleza encoberta pela rotina, com nossos desejos e nos aproxima de nós mesmos”, complementa o curador do projeto.

 

Na poesia, e também nesta nova atividade da Feira, o público terá a chance de se conectar com a história em comum que compartilha com quem está ao seu redor. “O que queremos com o Revolução Poética é mostrar para todos – donas de casa, motoristas, vendedores, ambulantes, operários, médicos, professores, alunos, comerciantes, jovens, idosos – que existem muitas outras vidas escondidas nessa pequena amostra que enxergamos todos os dias”, explica João Augusto.

 

A curadora da 20ª Feira Internacional do Livro e Leitura de Ribeirão Preto (FIL) e idealizadora do projeto, Adriana Silva, comenta que o projeto coloca em evidência o poder da poesia, que segundo ela, nada mais é do que o poder da palavra crítica. “A poesia deixou de ser uma linguagem só melodiosa ou romântica. A poesia tem o poder de incitar a reflexão, de fazer com que as pessoas pensem sobre temas. É o verdadeiro poder da palavra, no caso, a palavra bonita”, explica.

 

Adriana explica que fazer o Revolução Poética, em homenagem ao Edgar Morin, é uma oportunidade de permitir que as pessoas entendam sua frase, quando diz: “todos os homens referindo-se à humanidade, aos seres humanos na sua forma mais ampla, necessitam de poesia”. “Trazer Edgar Morin, para o tema da FIL e pensar nele, debaixo de uma Revolução Poética, é a oportunidade de fazer reflexão”, destaca.

 

Para João Augusto, a poesia tem um papel central na forma sensível das pessoas olharem para a vida. Ele acredita que a poesia e as artes, em geral, estimulam seus amantes a se tornarem pessoas melhores, com maior autoconhecimento e maior entendimento das múltiplas visões que correm pelo mundo. “A Feira do Livro e o Revolução Poética querem mostrar que cada um de nós é um universo infinito de possibilidades”, afirma. Para isso, personalidades de diversas áreas foram escolhidas para tratar do tema. Falarão da escrita como tecido da vida, da apresentação de músicas baseadas em poemas, das múltiplas linguagens existentes, da razão e ‘desrazão’ em um mundo de aparências.

 

Experiência poética

O curador e coordenador do projeto, João Augusto, tem uma relação profunda com a literatura e a poesia – o que fica claro pela sua forma apaixonada de falar sobre o assunto. Desde pequeno, sentia uma necessidade de inventar, de criar para viver. “O mundo não era o bastante. A arte me apresentou a mim mesmo. Já escrevi conto, romance, teatro, cinema, mas foi a poesia que me deu o amor. Escrevo porque amo”, diz.

 

As inspirações literárias do poeta vêm de nomes como Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade, Orides Fontela, Ferreira Gullar, Manoel de Barros, Rimbaud, TS Eliot, Baudelaire e da poesia na prosa de Clarice Lispector, mas também gosta muito de autores novos. Entre suas obras, estão os livros de poesia “Que diabo de poeta és tu?”, “Sem a sombra de um guarda-chuva”, “Poesia de telhado”, “A verdade é a mais bela entre as falsas criaturas” e “A última estrela tropical”.

 

Não à toa, sempre acabou se envolvendo com a Feira do Livro. Desde a primeira edição, participou como leitor e foi então assumindo outras funções posteriormente: como autor, palestrante e debatedor. “O nascimento da Feira jogou um bocado de luz sobre nós”, declara. Hoje, a FIL é quase uma extensão de sua casa, como ele mesmo diz. “Me sinto mais perto do que considero um mundo ideal, quando estou ali. Todos são melhores quando carregam um livro. Onde há um leitor, há esperança”, conclui.


Sobre a 20ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto (FIL)

Em virtude da pandemia do coronavírus - COVID-19, e seguindo todos os protocolos da OMS (Organização Mundial de Saúde) e das autoridades brasileiras, em nível federal, estadual e municipal, a  Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto tomou a decisão de adiar a 20ª FIL (Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto) para ser realizada de  11 a 20 de setembro e acontecerá em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. 

 

A FIL estava agendada para ser realizada de 30 de maio a 7 de junho de 2020. A festa literária, que é considerada a segunda maior feira a céu aberto do país, vai manter seu formato original com realização compartilhada com parceiros e seleção de homenageados e também mantém o tema “20 anos depois e agora?". A medida de adiamento da data foi, expressamente adotada, visando que, a Fundação do Livro e Leitura, organizadora da Feira do Livro, juntamente com diversos parceiros, possa contribuir para que o avanço rápido da doença seja evitado entre toda a população brasileira.  

 

O autor homenageado será Mia Couto. O autor educação é Edgar Morin; a autora infantojuvenil é Semiramis Paterno; autor local, Carlos Roberto Ferriani, a professora homenageada (local), Elaine Assolini e o patrono Paulo Roberto Oliveira.

 

Sobre a Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto

A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, que foi criada em 2004 inicialmente para realizar a Feira Nacional do Livro da cidade. Com o tempo, a Fundação ganhou experiência e, atualmente, além da Feira, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura com calendário de atividade durante todo o ano. A entidade se mantém a partir do apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos privados e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do Proac.

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