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Biblioteca Sinhá Junqueira realiza a 1ª MOSTRA IDENTIDADE-S NA LITERATURA
08/03/2022 13:45 em Arte
Programação gratuita e aberta ao público acontecerá de março a junho, com recursos do edital Cidadania/ Cultura LGBTQIA+ do ProAC - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo

 

A Biblioteca Sinhá Junqueira (BSJ) realiza, a partir de março, a 1ª edição da MOSTRA IDENTIDADE-S NA LITERATURA. A programação, gratuita e aberta ao público, vai acontecer de março a junho, e terá a participação das autoras Amara Moira, Eliana Alves Cruz, Cidinha da Silva e Natalia Borges Polesso. A MOSTRA IDENTIDADE-S NA LITERATURA é um projeto da Biblioteca Sinhá Junqueira e da Fundação Educandário Cel. Quito Junqueira e, nesta primeira edição, obteve recursos do Governo do Estado de São Paulo, por meio do Edital ProAC Expresso, da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa. A iniciativa tem apoio do Hotel Mont Blanc Premium e parceria da Girassol Caminhos Criativos.

“A Mostra fará parte de uma atividade permanente da Biblioteca e, em cada edição, traremos à discussão um assunto de atual relevância em nossa sociedade. Dessa vez, estamos dedicados à difusão, desenvolvimento e manifestação da cultura LGBTQIA+. Para isso, convidamos quatro escritoras para promover a discussão sobre a construção de identidades a partir de suas vivências e obras relacionadas à cultura LGBTQIA+”, afirma Ciro Monteiro, coordenador da BSJ.

De acordo com o curador da Mostra, Adonai Takeshi Ishimoto, as autoras ministrarão rodas de conversa e oficinas de escrita criativa. “A proposta é, em cada mês, estudar e debater as obras de uma das escritoras convidadas. A Mostra é um convite para que a sociedade repense as questões de gênero e sexualidade a partir de obras dessas escritoras contemporâneas, que conseguem ressignificar o silenciamento das dissidências de gênero e sexualidade na literatura nacional”, comenta Ishimoto.

 

“Discutir literatura a partir da pluralidade e diversidade LGBTQIA+ é dar novos olhares e possibilidades de leitura para obras, personagens e pessoas; reconhecendo que as dissidências de gênero e sexualidade sempre existiram nas obras literárias, mas que foram historicamente silenciadas pelos grupos dominantes”, completa o curador.

A primeira atividade da Mostra será uma leitura mediada pelo curador, Adonai Takeshi Ishimoto, do livro Neca, de Amara Moira, autora que iniciará a programação, em março.

Na sequência, os encontros serão com Eliana Alves Cruz (Abril), Cidinha da Silva (Maio), e Natalia Borges Polesso (Junho). Durante os 4 meses da MOSTRA IDENTIDADE-S NA LITERATURA, a Biblioteca Sinhá Junqueira também vai direcionar a sua programação mensal à temática. Assim, as atividades do Clube de Leitura BSJ, o Varal de Fotos e Indicação de Livros e o Clube Resenha Preta também irão focar o trabalho das escritoras.

Toda a programação será aberta a adolescentes, adultos e idosos e as inscrições devem ser feitas por meio de formulários online, já que as vagas para as rodas de conversa e para as oficinas são limitadas. Segundo o coordenador da Biblioteca Ciro Monteiro, a expectativa é atender 270 pessoas nas atividades principais com as escritoras, e cerca de 600 pessoas, de Ribeirão Preto e região, que irão circular no período da Mostra e serão impactadas com a proposta.

 

Confira a programação completa:

Local: Biblioteca Sinhá Junqueira

Endereço: Rua Duque de Caxias, 547, Centro, Ribeirão Preto

Informações: (16) 3625-0743

 

Março: Mês Amara Moira

 

Amara Moira é travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp (com tese sobre as indeterminações de sentido no “Ulysses”, de James Joyce) e militante dos direitos de prostitutas e pessoas LGBTQIA+. Tem inúmeros artigos publicados sobre gênero e literatura, com foco em releituras feministas do cânone e na presença LGBTQIA+, sobretudo T, na literatura brasileira. É autora, dentre outras obras, do livro autobiográfico “E se eu fosse puta” (2016, republicado em 2018 como: “E se eu fosse pura”), do capítulo também autobiográfico "Destino Amargo", presente em “Vidas Trans – A coragem de existir” (2017), e do monólogo em pajubá "Neca", incluído na antologia A Resistência dos Vagalumes (2019) e republicado em “Neca + 20 Poemetos Travessos” (2021), junto com a sua produção poética sobre vivências travestis. Ministra palestras, cursos e oficinas em instituições como MASP, MAM-RJ, Casa das Rosas, além de inúmeros SESCs e universidades do país. Atualmente reside em São Paulo (SP), é colunista da Mídia Ninja e do BuzzFeed e professora de literatura no cursinho Descomplica.

 

Dia: 17/03 – Leitura mediada pelo curador da Mostra, Adonai Takeshi Ishimoto, com a participação de Fernando Vinhota

Tema: Livro “Neca + 20 poemetos travessos”, da autora Amara Moira

Horário: das 19h às 21h / Vagas: 20

Mediador: Adonai Takeshi Ishimoto é Bibliotecário graduado pela FFCLRP/USP. Atualmente, trabalha como bibliotecário-coordenador de acervo, programação e produção da Biblioteca Sinhá Junqueira (RP/SP); é membro do Grupo de Trabalho Bibliotecas pela Diversidade e Enfoque de Gênero (GT-BDEG) da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas de Informação e Instituições (FEBAB); é mediador de dois clubes de leitura; além de organizar e mediar programas culturais dentro da temática de diversidade de gênero e sexualidade.

 

Mediador: Fernando Vinhota é formado em História pela Unesp/Franca e atualmente é graduando do curso de Pedagogia da USP/Ribeirão Preto. Dentro da universidade, pesquisou literatura latino-americana e hoje estuda temáticas relacionadas a história e literatura queer, trazendo sempre em discussão a luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+. Além disso, Fernando trabalha como educador popular desde 2015 e editor de material didático da área de humanas desde 2019.

 

Dia: 23/03 - Roda de conversa com Amara Moira, mediada por Alma Aiye Dun

Horário: das 19h às 21h

Vagas: 60

Tema: Identidades LGBTQIA+ na escrita brasileira

Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/1srLzVdDfF4BoOEMPsdpzjEMrYwtxybHc2Z2j6rIzHlg/edit

Resumo: A literatura brasileira também é palco de expressões e conflitos entre identidades de gênero e sexualidades, colocando, em diversos ângulos as vivências, a representatividade e as potencialidades de existências em narrativas de períodos e contextos históricos anteriores e contemporâneos e, por isso, muitos livros são lidos a partir de uma posição a qual se relaciona com as obras em manipulação. Dessa forma, a discussão pretende apontar outros olhares para livros e produções já consolidadas e consideradas “clássicas” na literatura brasileira, mas também promover outras leituras da produção literária contemporânea por uma perspectiva não-cisgênera.

Mediadora: Alma Aiye Dun é poeta, atriz e produtora audiovisual, e em todos os campos que atua trabalha a sua relação com o trauma e a afetividade, e dentro dessa discussão transita entre diversas pautas.

 

Dias 24 e 25/03 – Oficina de escrita criativa com Amara Moira

Horário: das 19h às 22h

Vagas: 15

Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/1Dj9ivfUQmTcNCHs6zq85NjFCb2QrSq6ai1jo4sqXJOQ/edit

 

Resumo: O processo de escrita parte de inúmeras linhas de raciocínio, de vivências, de experiências e de criação. Serão dois encontros, envolvendo parte teórica-explicativa e a elaboração de uma produção textual para exposição dos textos redigidos.

 

 

Abril: Mês Eliana Alves Cruz 

 

Eliana Alves Cruz é jornalista e escritora. É roteirista na ViacomCBS Brasil e colunista do Uol Esporte. Com o livro “Nada digo de ti, que em ti não veja”, de 2020, ela aborda milícia, racismo, fake news, delação premiada, fanatismo religioso e transexualidade. É autora do romance “Água de barrela”, que conta a história da sua família desde os tempos da escravidão e, com esse livro, recebeu o primeiro lugar, em 2015, no Prêmio Oliveira Silveira, promovido pela Fundação Cultural Palmares. Em 2016, integrou a edição 39 da série Cadernos Negros, com poemas de sua autoria e, no ano seguinte, contribuiu com a série com dois contos, entre eles a narrativa de ficção científica “Oitenta e oito”. Seu romance “O crime do cais do Valongo”, faz um resgate da memória social e cultural afro-brasileira. Eliana também foi chefe do Departamento de Imprensa da Confederação Brasileira de Esportes Aquáticos e vice-presidente do Comitê de Mídia da Federação Internacional de Natação e foi responsável pelo site www.blacksportclub.com.br, voltado para o resgate da presença negra no esporte.

 

Dia: 13/04 - roda de conversa com Eliana Alves Cruz, mediada por Washington de Paula

Horário: das 19h às 21h

Vagas: 60

Tema: Escrever vivendo ou viver escrevendo?

Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/1YX_v7aii0Dnia9xsRzkv16JccZOitMDCWFqDaGuMvtA/edit?usp=drive_web

Resumo: Por que escrever? E escrever significa o quê? Em uma reflexão a partir das existências e dos processos de criação, a escrita ganha corpo, enche de ressignificados e faz do avesso estruturas antes bem solidificadas. O quanto há de vida na escrita? O quanto há de identidade em um texto?

Mediador: Mestrando em Artes Cênicas pelo PPGAC - Universidade Federal de Uberlândia. Artista de teatro e arte educador. Integrante da Cia Quadro Negro e Cia Teatral Tertúlia. Dirigiu os espetáculos "Húmus: Corpos Invisíveis" (2018) e "Aquele Outro (2015)" sobre questões LGBTQIA+, gênero e negritude. Produziu e atuou no espetáculo " Gulliver - Um gigante diferente" sobre diversidade e gênero para o público infantil.

 

 

 

Maio: Mês Cidinha da Silva

 

Cidinha da Silva (MG) publicou 19 livros, entre eles, os premiados: “Um Exu em Nova York” (Biblioteca Nacional, 2019 e PNLD Literário 2021), “Os nove pentes d´África” (PNLD Literário 2020), “#Parem de nos matar!” (Acervo Público da Educação Paulista, 2021) e “O mar de Manu” (APCA 2021, melhor livro infantil).

Organizou duas obras fundamentais para o pensamento sobre as relações raciais contemporâneas no Brasil, Ações Afirmativas em Educação: experiências brasileiras” (2003) e “Africanidades e Relações Raciais: insumos para políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil” (2014). É doutora em Difusão do Conhecimento.

 

Dias 11 e 12/05 – Oficina de escrita criativa com Cidinha da Silva

Horário: das 19h às 22h

Vagas: 15

Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/1YYmdqki1Tfc4PRJbuwyicwLP0OWvrW6I4U0GqgUjPms/edit?usp=drive_web

Resumo: Oficina para identificar formas singulares de escrita, como o gênero crônica, suas diferenças com textos de outras estruturas, como um romance e uma novela. A atividade propõe um exercício reflexivo, mas também um exercício prático de escrita, discussão da produção entre os participantes e exposição dos materiais.

 

12/05 - Roda de conversa com Cidinha da Silva, mediada por Natascha Vidal

Horário: das 16h às 18h

Vagas: 60

Tema: Autoria negra na literatura LGBTQIA+

Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/1jrMsR_2dbH70pNCK6hgU3s8MvHpnZbS7gNf7kk2dyjc/edit

Resumo: A autoria negra na literatura LGBTQIA+ passa por nomes muito conhecidos, como Jota Mombaça, Tatiana Nascimento, Luh Maza, Grace Passô, Anderson Feliciano e Cidinha da Silva, que circulam pelo ensaio, poesia, dramaturgia, prosa para as infâncias e para pessoas adultas, até a participação em coletivos literários da comunidade realizada por artistas menos estabelecidos, a exemplo do Sarau Marginália (SP), da Academia Transliterária (MG) e participantes das competições brasileiras de SLAM. Nesta roda de conversa abordaremos questões e dilemas pautados por estas agentes negras, dentro e fora da comunidade LGBTQIA+.

Mediadora: Natascha Vital é arquiteta e urbanista e afroempreendedora no AzA Vital Studio, um negócio de impacto social de melhorias habitacionais. É também Dj, e batuqueira do grupo de Maracatu Baque Mulher de Ribeirão Preto e do Maracatu Navegante, participa do Afoxé Omò Orùnmilá e é militante em projetos e movimentos sociais e culturais na cidade.

Junho: Mês Natalia Borges Polesso 

 

Natalia Borges Polesso é doutora em literatura, escritora e tradutora. Publicou “Recortes para álbum de fotografia sem gente” (2013); “Amora” (2015), vencedor do Prêmio Jabuti; “Controle” (2019), seu primeiro romance, vencedor dos prêmios Ages e Vivita Cartier e finalista do Prêmio São Paulo de Literatura; “Corpos Secos” (2020), vencedor do Prêmio Jabuti, na categoria romance de entretenimento, e “A extinção das abelhas” (2021). Em 2017, a autora foi selecionada para a lista Bogotá39, que reúne os 39 escritores abaixo de 40 anos, mais destacados da América Latina. Natalia tem seu trabalho traduzido em diversos países, tais como Argentina, Espanha e Estados Unidos. 

 

Dia: 24/06 - Roda de conversa com Natalia Borges Polesso, mediada por Flávia Mantovani

Horário: das 19h às 21h

Vagas: 60

Tema: Escritas como potências de identificar-se

Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/1gJCwccwCA5b8j1Bga7aEXXi5XZ7G-LyYEwXaAxEVNm8/edit

Resumo: Em gestos de rachar com estereótipos e estigmas, as narrativas são partes necessárias para a reconstrução de identidades, mas também de olhares sobre existências-outras. Cada vivência é singularmente afetada e expressada, fragmentando o que talvez é visto apenas de um ponto de vista, a partir de ângulos cis-hétero-centrados, podendo a literatura ser campo de identificação e de possibilidades.

Mediadora: Flávia Mantovani é professora de História na rede pública estadual, mestra e doutoranda em História, pesquisando Cassandra Rios, a “escritora mais proibida do Brasil”. Interessada em História pelas questões de gênero, sexualidade e um pouquinho de literatura.

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