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Fenômeno de vendas e crítica no mundo, romance confessional do espanhol Manuel Vilas chega ao Brasil
01/03/2023 19:39 em Literatura

Potente, emocional, extremamente bem escrito e de uma beleza sem igual, Em tudo havia beleza reflete sobre a vida e a morte a partir da perspectiva de um autor-narrador de meia idade.

 

Aclamado pela crítica mundial, o escritor espanhol Manuel Vilas chega ao Brasil com o livro best-seller Em tudo havia beleza, recém-lançado no país pelo selo Tusquets, da Editora Planeta. Potente, emocional, extremamente bem escrito e de uma beleza sem igual, o romance mistura prosa e poesia, realidade e ficção, refletindo sobre a vida e a morte a partir da perspectiva de um autor-narrador de meia idade que encara seus fantasmas. A perda dos pais, o divórcio, a distância imposta pelos filhos, os excessos com o álcool e as frustações ao longo dos anos tecem a trama da publicação. 

Em um lugar de desencanto, este homem -- que, por vezes, se confunde com Vilas --, tenta se reerguer, mesmo desconfiando a todo tempo da inutilidade de seu esforço. “Quem dera se pudesse medir a dor humana com números claros, e não com palavras incertas. Quem dera houvesse uma maneira de saber quanto sofremos, e que a dor tivesse matéria e medição. Todo homem acaba, um dia ou outro, enfrentando a falta de substância de sua passagem pelo mundo. Alguns seres humanos podem suportar isso; eu nunca suportarei”, declara no início do livro. 

Como ponto de partida, ele retorna, nesta narrativa confessional, a seu lugar de origem -- à cidade que, antes de ser sua, foi de seus pais, ambos recentemente falecidos. Em meio a assombrações do passado e do presente, Manuel Vilas escreve um testemunho de tudo o que uma família pode oferecer e sonegar. O que sobra de uma pessoa apartada das uniões que já teve? Quem somos quando deixados a sós com nossas memórias? Manuel Vilas entrega em Em tudo havia beleza "uma obra de arte capaz de cauterizar dores", de acordo com a crítica. 

Vencedor do prêmio Femina Étranger em 2019, o livro é construído tal como um fluxo de consciência, sem uma cronologia definida. A partir de relatos e fotos, o leitor embarca nos pensamentos e sentimentos do narrador que percorre uma jornada íntima de elaborações e memórias -- os gatilhos são os mais diversos possíveis: uma correspondência do banco, um nó de uma gravata, a cor amarela, o exercício de escrever um livro. Em meio a história pessoal, surge ainda a narrativa coletiva de uma Espanha que sofre com as cicatrizes do fascismo e da crise econômica recente. Na tradução para o português, o romance -- que traz uma série de poesias em seu epílogo -- não perde a potência literária de Manuel Vilas, autor de 14 coleções poéticas, sete romances e sete livros de ensaios, um fenômeno de vendas em todo o mundo.

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TRECHOS DO LIVRO 

 

De modo que fiquei sozinho com meu pai. E sou a única pessoa deste mundo -- ignoro quanto a meu irmão -- que o recorda diariamente. E diariamente contempla seu desvanecimento, que acaba transformado em pureza. Não é que o recordo diariamente: é que está em mim de uma forma permanente, é que eu me retirei de mim mesmo para dar lugar a ele.

 

Escrevemos uma coisa ou outra segundo o papel, a mão, a caneta, a pena ou o computador ou a máquina de escrever. Porque a literatura é matéria, como tudo. A literatura são palavras gravadas em um papel. É esforço físico. É suor. Não é espírito. Chega de menosprezar a matéria.

 

Na verdade, aconteceu algo sobrenatural em minha família: ninguém nunca disse: “Somos uma família”. Não sabíamos o que éramos.

 

Talvez não me amassem e este livro seja a ficção de um homem magoado. Mais que magoado, assustado. Não ser amado não dói: na verdade, assusta ou aterroriza.

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FICHA TÉCNICA  

Título: Em tudo havia beleza

Autor: Manuel Vilas

Páginas: 352 p.

Preço: R$ 79,90

ISBN: 978-85-422-2072-8

Editora Planeta | Selo Tusquets

SOBRE O AUTOR 

Manuel Vilas nasceu em Barbastro, Espanha, em 1962. Poeta e romancista premiado, já publicou 14 coleções de poesia, sete romances e sete livros de ensaios. Também é colaborador assíduo em jornais espanhóis. Em tudo havia beleza, premiado em 2019 com o prêmio Femina Étranger, é seu primeiro romance publicado no Brasil.

  

SOBRE O SELO TUSQUETS 

Criado em 1969, na Espanha, e presente no Brasil desde 2016, Tusquets é o selo de ficção literária da Planeta. Publica autores como Alejandro Zambra, J.P. Cuenca, Camila Sosa Villada, Xico Sá, Marina Colasanti, José Eduardo Agualusa, Shusaku Endo, Javier Cercas, Marguerite Duras, Ferréz, Bob Dylan, Leila Slimani e Édouard Louis.

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