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Orquestra Ouro Preto retoma Núcleo de Apoio a Bandas com método de ensino virtual em cinco estados brasileiros
20/05/2021 08:05 em Música
Proposta do projeto é estabelecer diálogo, trocar experiências e sugerir caminhos para preservação das tradicionais bandas musicais

No próximo sábado, 22 de maio, a Orquestra Ouro Preto retoma as atividades do Núcleo de Apoio a Bandas, com o qual capacita bandas musicais do interior do Brasil com conteúdo técnico e pedagógico para que a história e a tradição dessas corporações tão importantes para a cultura nacional sejam preservadas.

Sob a coordenação do músico João Paulo Moreira e do Maestro Rodrigo Toffolo, o projeto, totalmente gratuito, oferece atividades práticas e teóricas, em consultorias, oficinas e palestras.

Por causa das limitações da pandemia, os encontros serão novamente virtuais. Neles, regentes das mais de 20 bandas musicais receberão aulas e orientações semanais no formato on-line.

"Tivemos que adaptar e reinventar o jeito de ensinar e fazer música nas corporações musicais, e para manter o processo de aprendizado foi desenvolvido um sistema de ensino à distância simples e eficiente que deu muito certo no ano passado e vamos repetir este ano, incluindo novas disciplinas e ampliando o número de alunos", destaca Rodrigo Toffolo.

O maestro afirma também que, além da importância artística e cultural, as bandas são ferramentas de cidadania e interação social em muitas comunidades. Por meio do Núcleo de Apoio a Bandas, a Orquestra propõe estabelecer um diálogo com esses fazeres tradicionais, trocar experiências e sugerir caminhos para a sua preservação.

O projeto nasceu em Minas e hoje chega ao Espírito Santo, Ceará, Rio do Norte e Goiás, envolvendo um universo de 500 pessoas. O estado do Centro-Oeste passou a integrar o Núcleo este ano e será representado pela banda da cidade de Crixás.

Outra novidade de 2021 é a inclusão do Curso de Luhteria, demanda que surgiu das próprias bandas, já que muitas guardam instrumentos sem utilização ou precisando de reparos, segundo João Paulo Moreira, coordenador do projeto.

"Um dos princípios do Núcleo é ir ao encontro das necessidades das bandas. O Curso de Lutheria Básica será importante para trazer informações para os músicos sobre como cuidar dos próprios instrumentos e fazer pequenos reparos dentro da própria banda", diz.

Ao longo do ano, as aulas serão divididas em módulos com enfoque na aplicação da metodologia de ensino musical coletivo; orientações básicas de regência para bandas; práticas de ensaio; noções básicas de arranjos musicais e escolha de repertório.

Este ano também será ministrado, pela primeira vez, o curso "Música e História na Tradição Brasileira", do musicólogo Maurício Monteiro. Segundo ele, a proposta é fazer uma incursão pelas tradições sonoras do Brasil desde as primeiras práticas musicais no período colonial até culminar com a formação e atuação das bandas municipais.

"No século XX essa tradição foi incorporada na vida cotidiana do Brasil e praticamente em todo município existe uma banda de música. Onde há uma festa, uma comemoração, um momento de pesar, uma manifestação coletiva, a banda estará por lá, colocando sua música como um sinal de vida", completou.

Para o regente Flávio José, do distrito de Amarantina-MG, em Ouro Preto, a experiência virtual de aprendizado no ano passado foi bastante positiva. "As aulas ficam gravadas e podemos rever quantas vezes quisermos para tirar as dúvidas. Os professores nos passam um caminho facilitado para que possamos trabalhar com as bandas. Temos feito uma boa reciclagem daquilo que já conhecemos e um aprendizado a mais de temas novos passados toda semana", avalia.

Desde sua fundação, o Núcleo já capacitou mais de 800 músicos, dentre regentes, professores e instrumentistas que se tornaram replicadores em suas comunidades. A metodologia também abrange crianças que estão iniciando nos instrumentos. Em Brumadinho-MG, o projeto atendeu, em 2019, cerca de 320 crianças.

O Maestro Rodrigo Toffolo se orgulha do caminho que tem percorrido com o Núcleo. "As bandas de música são, talvez, as mais puras guardiãs culturais e sementes para todo um cenário profícuo musical. Temos um orgulho danado do Núcleo de Apoio a Bandas porque chegamos na alma das pessoas, das comunidades. É um processo de contar e fazer que cria uma identidade. É um trabalho muito importante que a Orquestra faz, aprendendo juntos com esses músicos, que realmente amam o que fazem", completa.



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