Em “A gente mira no amor e acerta na solidão”, lançamento pelo selo Paidós, a psicanalista convida o leitor para uma conversa profunda e reveladora sobre como o amor e a solidão estão entrelaçados
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No livro A gente mira no amor e acerta na solidão, lançamento pelo selo Paidós, a psicanalista e professora universitária Ana Suy parte de suas experiências em sala de aula, suas pesquisas, vivências pessoais e no atendimento clínico para falar sobre o lugar da solidão e do amor nas nossas vidas. O livro é uma conversa sensível e reveladora sobre a importância de olharmos para a solidão não como uma patologia, mas como um sentimento comum a todos os seres, que não se esgota quando entramos em um relacionamento.
A autora retoma conceitos da psicanálise para falar sobre as bases do amor e da solidão no psiquismo humano, pontuando como esse desenvolvimento se dá desde a infância. “Amar é algo que aprendemos sendo amados. É porque alguém em algum momento nos amou na vida, ainda que tenha amado mal, que a gente aprende a amar, ainda que ame mal. Mas nossas primeiras experiências de amor são irremediáveis”, escreve a autora. Suy explica como o ser humano é um ser faltante, condição que não deve ser vista como algo ruim dado que é importante para livrar o outro do lugar daquele que nos salvará. Ninguém salva ninguém no campo do amor, e assumir essa posição pode ser libertador dentro de um relacionamento.
A psicanalista pontua que é frequente o pensamento de que é possível encontrar no outro a parte que supostamente nos falta, a parte que nos preencheria. Entretanto, o que acontece é o contrário. Ao encontrar um amor, não encontramos a parte que nos faltava até então: encontramos a metade que fará falta a partir dali. Miramos no amor e acertamos na solidão. “Não existe um pedaço nosso andando por aí. E, mesmo se existisse, esse pedaço nosso andando por aí já teria sua própria falta fazendo par com ele. Assim, essa história da tampa da panela é uma cilada”, conta no livro.
A gente mira no amor e acerta na solidão é uma verdadeira conversa com o leitor, atravessada pela teoria psicanalítica de forma simples e acessível. Ao abordar as diferentes nuances do amor, a autora nos leva a refletir sobre a forma como amamos, sobre ciúmes, medo do abandono, projeções e muito mais. Suy nos apresenta um universo de teorias que podem contribuir para uma perspectiva menos idealizada e mais consciente sobre as relações, convidando os leitores a elaborarem o luto por aquilo que pensavam ser o amor e a olhar para a solidão de forma mais racional e gentil.
Trecho:
“Há um momento em que a máscara cai, em que se descobre que o outro tem algo nele de si mesmo e que não é uma encomenda para o outro. É nesse momento em que algo acontece, quando um desiste de se “fazer” para o outro, assume que eles são diferentes e consente com sua diferença, que com frequência se dá o ápice desses enredos e uma espécie de mágica acontece. A gente não ama o outro porque ele é nosso espelho, a gente ama o outro na notícia que ele dá de que há um mundo para além do nosso umbigo. Ter o nosso narcisismo furado é um baita alívio, e, no amor, é disso que se trata”.
Ficha técnica:
Título: A gente mira no amor e acerta na solidão
Autor: Ana Suy
160 páginas
R$ 44,90
Selo Paidós
Sobre o autor:
Ana Suy é psicanalista, professora universitária e pesquisadora. Autora de Amor, desejo e psicanálise, Não pise no meu vazio, As cabanas que o amor faz em nós, A corda que sai do útero e coautora de O infamiliar na contemporaneidade: o que faz família hoje?, dedica-se ao amor como objeto principal de suas pesquisas e escrita. A gente mira no amor e acerta na solidão é seu primeiro livro pela Editora Planeta.