A queda no valor da pauta de exportação na maioria dos municípios e regiões do estado de São Paulo indicam que o problemas internos e externos têm afetado o desempenho das empresas dos diversos setores da economia brasileira.

É o que mostra o Boletim do Comércio Exterior do Ceper/Fundace do mês de agosto, com informações coletadas a partir do site AliceWeb, o Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior  da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior com base em uma análise dos principais produtos exportados entre 2010 e 2016 para as principais regiões do Estado.

A depreciação cambial ajuda a aliviar esse processo, mas a trajetória inversa nos últimos meses preocupa por ser uma barreira à recuperação das exportações nas diversas regiões do estado de São Paulo.

Produtos por região – Analisando o levantamento, é possível notar que os municípios mais próximos à Região Metropolitana de São Paulo têm uma pauta de exportação mais voltada para produtos industriais de maior valor agregado.

Em municípios mais distantes da capital, ganham destaque os produtos agropecuários e da agroindústria. Na Região Administrativa de Ribeirão Preto, chama atenção a queda das exportações de açúcares e produtos de confeitaria, sendo reflexo da queda do preço de commodities no mercado internacional.

Os principais produtos exportados pela Região Metropolitana de São Paulo são veículos e açúcares. A importância de produtos da agroindústria e agricultura refletem atividades do interior que acabam sendo registradas nas proximidades da cidade de São Paulo.

Na Região Administrativa de Ribeirão Preto, os principais produtos exportados são os açúcares, seguidos por papel e celulose e reatores nucleares. Carnes e bebidas também estão entre os seis principais produtos.

Os três principais produtos exportados pelo município de Campinas são reatores nucleares, máquinas elétricas e veículos automóveis. Pode-se observar que, ao longo dos anos, o valor das exportações desses produtos diminuiu, o que é uma consequência das dificuldades enfrentadas pela indústria de transformação nos últimos anos, com destaque para a instabilidade macroeconômica, o aumento real dos salários sem o acompanhamento da produtividade, a apreciação do câmbio real, além da crise internacional.

Por ser o município sede da principal empresa aeronáutica, os principais produtos exportados pelo município de São José dos Campos são aeronaves e suas partes, cujos valores variaram de mais de US$4 bilhões no acumulado em 2010 para menos de US$2 bilhões até julho de 2016.

Em seguida, vem as exportações de veículos, máquinas e materiais elétricos, reatores nucleares, produtos farmacêuticos e instrumentos de óptica, o que mostra a vocação do município em produzir bens industrializados de alto valor agregado.

Diferentemente do que ocorre com os municípios de Campinas e São José dos Campos, os principais produtos exportados pelo município de São José do Rio Preto são provenientes da agropecuária ou da indústria com menor valor agregado, apesar de importância de instrumentos e aparelhos de óptica, reatores nucleares e veículos.

Franca é conhecida como um pólo industrial na produção de calçados, sendo este o principal produto exportado. Em seguida vêm peles, café, chás e especiarias e matérias ou produtos à base de amidos.

Apesar de calçados serem o principal produto exportado em todos os anos, nota-se uma queda no valor em doláres ao longo dos anos, apontando que o setor calçadista também vem sofrendo os impactos da crise internacional.

Em Sorocaba, último município analisado no boletim do mês de, os destaques são máquinas e materiais elétricos, reatores nucleares, veículos automóveis, obras de ferro fundido e instrumentos e aparelhos de óptica, o que mostra que o município também tem uma vocação na produção e exportação de produtos industrializados de alto valor agregado.

Confira o Boletim Comércio Exterior no link: http://www.fundace.org.br/_up_ceper_boletim/ceper_201608_00233.pdf

Ceper – O Centro de Pesquisa em Economia Regional foi criado em 2012 e tem como objetivo desenvolver análises regionais sobre o desempenho econômico e administrativo regional do País. Sua criação reúne a experiência de diversos pesquisadores da FEA-RP da Universidade de São Paulo em pesquisas relacionadas ao Desenvolvimento Econômico e Social em nível regional, a análise de Conjuntura Econômica, Financeira e Administrativa de municípios e Gestão de Organizações municipais, entre outros. A iniciativa de criação do Centro foi dos pesquisadores Rudinei Toneto Junior, Sérgio Sakurai, Luciano Nakabashi e André Lucirton Costa, todos da FEA-RP/USP. Os Boletins Ceper têm o apoio do Banco Ribeirão Preto, Imobiliária Fortes Guimarães, São Francisco Clínicas e Construtora e Incorporadora Stéfani Nogueira.

Fundace – A Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace) é uma instituição privada sem fins lucrativos criada em 1995 para facilitar o processo de integração entre a FEA-RP e a comunidade. Oferece cursos de pós-graduação (MBA) e extensão em diversas áreas. Também realiza projetos de pesquisa in company além do levantamento de indicadores econômicos e sociais nacionais regionais.